Pages

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Teatro dos Vampiros, Legião Urbana - Analíse

Hi . 
                               


Bom uma coisa que todo mundo sabe é que as músicas de Legião são cheias de significados e inclusive já foram acusadas de serem uma protesta contra a Ditadura militar não é?  E me pediram pra mim fazer uma análise da música que eu particularmente amo "Teatro dos Vampiros" . 




Iniciando uma nova seção, trago uma análise geral da música “Teatro dos Vampiros”, yocada pela Legião Urbana, Gravada no Álbum V, e autoria de Renato Russo. Uma versão Ao Vivo pode ser vista aqui

Mas vamos à música:

“Sempre precisei de um pouco de atenção  
Acho que não sei quem sou  
Só sei do que não gosto  
E destes dias tão estranhos  
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.
Este é o nosso mundo:  
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres, nós não estamos.
Vamos sair – mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.
Vamos lá, tudo bem – eu só quero me divertir.
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal p’ra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.
Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir.
Vamos sair – mas estamos sem  dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.
Vamos lá, tudo bem – eu só quero me divertir.
Esquecer, dessa noite ter um lugar melhor p’ra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém.”
Quem prestar (um pouco de) atenção ao vídeo pode perceber que a música CANTADA é diferente da ESCRITA, em pausas, vírgulas e outros detalhes que eu também acho um saco(mas podem ser incríveis). Bem, vamos à análise da música, então:
1ª estrofe:
Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
E destes dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos.
O primeiro verso mostra uma necessidade de aparecer, chamar a atenção. Imagino que todo ser humano passe por um período assim, na infância. Mesmo na vida adulta, ocorre uma batalha para chamar a atenção(mais sutil do que na infância, é verdade, mas ocorre).  O segundo e o terceiro se complementam. O indivíduo não tem certeza de quem é, apenas do que não gosta. A pessoa se conhece pouco, mas conhece muito do ambiente(a ponto de dizer o que gosta ou não). O quarto e quinto versos possuem dois sentidos, já que o Renato canta NESSES, enquanto escreve DESTES. Basicamente, na versão cantada, a poeira se escondendo pelos cantos ( que pode ser um segredo, um acontecimento, algo pequeno, qualquer coisa que possa ser simbolizada por poeira) está inserida nos dias estranhos, enquanto, pela escrita, ela é resultado dos dias estranhos.
2ª estrofe:
Este é o nosso mundo:
O que é demais nunca é o bastante
E a primeira vez é sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres, nós não estamos.
O primeiro verso nos diz muito sobre a estrofe inteira. Um mundo de excessos, de cobranças, sem reconhecimento e de contradições. Creio ser a estrofe mais fácil de interpretar.

3ª estrofe:
Vamos sair – mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão procurando emprego
Voltamos a viver como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas.

Continua o retrato do mundo. O mundo é ditado pelo dinheiro, e o dinheiro é obtido pelo emprego. A vida das pessoas não se modifica muito(e dos objetos também. É cada vez mais comum retrabalhar uma ideia antiga). Os últimos versos destacam que as coisas “envelhecem” rápido demais, se tornam obsoletas ou ultrapassadas com velocidade incrível.
4ª estrofe:
Vamos lá, tudo bem – eu só quero me divertir.
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal p’ra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas possam se encontrar.

Diversão e relacionamento. O primeiro verso nos mostra um gosto pelo prazer, pela diversão, em detrimento das consequências. Isso é enfatizado pelo segundo verso. Esquecer(algo) e ir para um lugar supostamente melhor(ou mais legal). O terceiro verso dá uma ideia de conclusão, onde você mostrou tudo que precisava. Os últimos três versos trazem a conclusão final, onde se pensa e descobre que as coisas não são exatamente o que se esperava. No caso, ao comparar suas vidas, o eu lírico e sua(eu) consorte descobrem que não é momento de estarem juntos.

5ª estrofe:

Quando me vi tendo de viver comigo apenas
E com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei

Essa estrofe é uma reflexão interna e pessoal. Largado no mundo, o eu lírico encontra alguém que lhe quer ajudar, porém não sabe lidar com essa pessoa.

6ª estrofe:

Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo, eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir.

O primeiro verso dessa estrofe nos traz uma conclusão pessoal(que parece fechar a ideia da estrofe anterior), e que abre espaço para os pensamentos dessa estrofe, de maneira um tanto contraditória. As pessoas deixaram de reparar nas qualidades umas das outras, e o eu lírico sabe disso porém, ao refletir sobre isso, ele percebe o quão frágil é.
as sétima e oitava estrofe são semelhantes às terceira e quarta,  exceto pelo último verso da quarta e oitava estrofe. A oitava estrofe possui um verso a menos, embora não pareça. No encarte do CD, os últimos versos são a única informação sobre essas últimas estrofes:

Comparamos nossas vidas

E mesmo assim, não tenho pena de ninguém.

Após suas reflexões, o eu lírico começa a entender que ninguém é inocente. Todos fazem escolhas próprias.
A música, de um modo geral, é uma reflexão sobre a sociedade(que, desde 1991, não mudou tano assim) e sobre a posição de um indivíduo dentro dela – um indivíduo pensante.


                  

Nenhum comentário:

Postar um comentário